Garry Kasparov e IBM Deep Blue: Um marco para a inteligência artificial

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Fonte: CNN

Há quase 25 anos, em 1997, a lenda do xadrez Garry Kasparov enfrentava um adversário insólito, o IBM Deep Blue, computador planejado pela IBM para desempenhar exclusivamente o papel de um enxadrista. Kasparov, na época, com 35 anos, carregava o título de jogador mais jovem a ser campeão mundial de xadrez, feito alcançado aos 22 anos de idade.

Fonte: CNN

O projeto do IBM Deep Blue se originou no embalo da discussão “homem versus máquina”, quando Feng-hsiung Hsu, estudante de doutorado da Carnegie Mellon, idealizou um computador designado para jogar xadrez. Em 1989, Hsu e alguns parceiros do projeto foram contratados pela IBM e logo integrados à equipe encarregada de desenvolver um supercomputador capaz de jogar com maestria.

Em 1996, o IBM Deep Blue e Kasparov realizaram suas primeiras partidas, com o humano prevalecendo. Hsu e os outros cientistas da IBM, então, implementaram melhorias no computador para uma nova partida em 1997. Na aguardada revanche, o Deep Blue, em uma série de partidas realizadas em Londres, se sagrou vencedor do embate. Alguns movimentos feitos durante os jogos levantaram suspeita de Kasparov, que chegou a acusar a máquina de se beneficiar de movimentos arquitetados por humanos e não pelo algoritmo.

As duas décadas posteriores à partida entre o Deep Blue e Kasparov foram testemunhas de grandes avanços nos campos da Inteligência Artificial e Machine Learning. Em 2017, o algoritmo AlphaGo, desenvolvido pela DeepMind — subsidiária da Alphabet — e que conta com tecnologia mais avançada que o IBM Deep Blue, derrotou o então campeão mundial de Go, jogo de tabuleiro originado na China há mais de três mil anos e que conta com um grau de complexidade impressionantemente superior àquele do xadrez. Hoje, a Deep Mind despende seus esforços principalmente no estudo das estruturas de proteínas animais.

Fonte: Google Discovery

Kasparov, que, em 1997, sentiu-se frustrado por ter sido o primeiro campeão mundial a ser derrotado por um computador em uma partida de seis jogos, parece ter feito as pazes com a tecnologia. Recentemente, o enxadrista declarou que as pessoas precisam trabalhar com algoritmos. O cenário hoje parece não mais se resumir a “homem versus máquina”, mas talvez “homem com a máquina”.